5 de jun. de 2010

Poeira

Sou como a pedra feita de lama seca: pareço forte, mas com um aperto espatifo-me.
Quanto mais eu rolo, mais me desfaço, mais me despedaço.
É uma questão de tempo (e cessar de lágrimas) para que eu resseque, vire pó e vá para longe, grudada nos sapatos que me pisam sem nem imaginarem que um dia fui pedra de se fazer onda em rio.
Eu nasci poeira, por obra do destino e chuva forte, endureci. Mas ai... aquele que nasce sempre volta ao seu princípio. Espero pelo dia em que serei mais leve, em que serei mais eu. Espero pelo dia em que minha humilde existência não será empecilho no meio do caminho e, se por acaso, em alguém eu me agarrar, haverão de me sacodir e eu voarei.
Não terei um átomo de memória, pois nada além de mim mesma caberá em mim.
Sabrina Davanzo

3 comentários:

Anônimo disse...

Sabrina,
Adoro seus textos. São lindos, inteligentes e sensíveis.
É sempre um grande prazer passar por aqui.
BjO*

Marcello Lopes disse...

Oi Sabrina.
Seu texto me lembra a busca pela perfeição, onde a humilde existência não será empecilho e um dia será mais leve.
Beijos

Unknown disse...

Amiga, bonito demais!
Beijos