26 de abr. de 2010

Regra

Aos poucos, começo a perceber a complexidade de uma regra simples que diz: viva sem medo de ser feliz.

Sabrina Davanzo

Carrossel


Meus sonhos um dia já foram do tamanho de uma roda de ciranda e meus passos serviram para delimitar o tamanho do campo de jogar “queimada’. Naquele tempo, era minha obrigação me esticar, do jeito que desse, para segurar uma peteca de penas coloridas que cortava o céu das tardes de quando eu era do tamanho de uma pedrinha de jogar 5 Marias.
Ainda guardo um arranhão no joelho que denuncia o quanto eu me aventurava em correr ao invés de caminhar. Naquela época eu fui mãe, cozinheira, professora, modelo, guerreira, fui a mais rápida do pique no alto, cheguei primeiro no pique esconde. Engraçado como eu podia ser tudo o que queria...
Nunca fui tão longe como naquele tempo. Saía de casa para ganhar o mundo na rua de cima e parecia ter atravessado de um hemisfério ao outro.
Aquele foi um tempo em que a vida era uma eterna descoberta. Mas eu, que de tão pequena cabia dentro do céu da amarelinha, não tinha maturidade para perceber que já ali, naquelas brincadeiras, começaram minhas experiências e saudades.

Sabrina Davanzo


22 de abr. de 2010

Convivência



E se hoje o dia está azul, agradeça a mim por fazer de tudo para conviver em harmonia e paz com esta que habita o meu corpo e insiste em dizer que sou eu. Não me reconheço, mas pratico a política da boa vizinhança e me ofereço pudins, bolos e tortas. Isso acalma minha imaturidade, me faz abrir um sorriso de criança em meio a essa vida adulta. Acabo por sentir um suspiro do meu verdadeiro existir, me agarro a ele e ouço-o sussurrar: "eu ainda adormeço dentro de ti..."

Sabrina Davanzo


19 de abr. de 2010

Faces


Dentre as várias de mim que sou, escolho ser aquela que não desiste, aquela que sorri a cada desventura e pensa: eu tentarei novamente. Escolho ser exatamente esta porque sei que uma pequena porção de todas as outras é o que me dá a devida coragem para me tornar quem eu quero ser.


Sabrina Davanzo

12 de abr. de 2010

Recado


Felicidade mandou dizer que não é deste mundo. Mas, para aqueles que se arriscam procurá-la em outro lugar, ela promete chocolate quente e bolo de cenoura. Boa sorte!


Sabrina Davanzo

9 de abr. de 2010

Terra


Era uma vez um Planetinha que vivia no espaço - um universo gigante que nem dá para mostrar com os braços. Junto dele moravam outros planetas, estrelas e também o sol e a lua.

Mesmo com toda essa companhia, o Planetinha sentia-se muito só, por isso convidou um monte de amigos para conviver com ele. O Planetinha ficou tão feliz com as novas amizades que ofereceu-lhes águas cristalinas, manhãs azuladas e noites reconfortantes. Cobriu seu solo de flores e moldou a paisagem com árvores de todos os portes e pássaros de todas as cores.
Para que seus amigos também não se sentissem sozinhos, deu-lhes a presença dos animais. Uma infinidade deles.
O tempo passava e o Planetinha era feliz até o dia em que os seus amigos resolveram trazer para habitar aquele lugar uma senhora muito maldosa chamada Ganância, esposa do sr. Egoísmo.
A partir de então, ela, com suas palavras bonitas e bem colocadas, convencia todo mundo a pensar cada um em si “custe o que custar”, esquecendo-se de quem havia oferecido todas aquelas maravilhas.
O Planetinha, cada vez mais triste, sentia-se deixado de lado. Passou a chorar toda hora. Grandes lágrimas caiam do céu e molhavam as casinhas de seus amigos queridos. E eles nem percebiam... ao contrário, só reclamavam: “quem é que sai de casa com essa choração?”, “ com essa choração não tem jeito de ir ao clube!”.
Os amigos, por maldade, começaram a caçoar dele. Com pequenos beliscões, arrancavam-lhe pedaços imensos. Sua dor era tanta que até tremia. Acabavam por sentir o seu desespero já que causava bastante estrago o treme treme do Planetinha.
O pobre coitado bem sabe que não há volta... Não tem coragem de abandonar seus amigos. Para onde eles iriam? “Em marte é tão quente... Em júpiter a água não é tão boa quanto aqui... Eles não se adaptariam...”
Aos poucos ele tenta controlar essa confusão. Tenta, incansavelmente, expulsar dona Ganância desse lugar que antes era tão perfeito.
Enquanto isso, alguns amigos começam a perceber que foram ingratos com o Planetinha e correm para socorrê-lo. Um curativo aqui, outro ali.
Tudo o que o Planetinha quer é que todos sejam como antes, que aproveitem com amor e respeito o que ele tem para oferecer. Não pense que ele não sofre quando, em alguma crise, um amigo acaba sendo atingido por sua tristeza. Ele sofre sim. Ele só não sabe o que fazer, depois que seus amigos resolveram assumir o poder.
“Vá embora, dona Ganância. Deixe já este lugar!”

Sabrina Davanzo

5 de abr. de 2010

Mais alto



Às vezes, queria que Ele me soprasse as respostas. Eu não sei tudo e nem deveria saber. Talvez Ele até esteja tentando, mas, com esses gritos, como poderei ouví-lo?

Sabrina Davanzo