29 de mai. de 2011

Fim




E quando a história acaba,
mas a gente esquece de fechar o livro e guardar na estante?



Sabrina Davanzo

26 de mai. de 2011



Ponto final

Obstáculo que impede que as palavras sigam em frente
e continuem narrando uma história.


Sabrina Davanzo

22 de mai. de 2011

Sem sentido



ver e não enxergar
escutar e não ouvir
tocar e não sentir
falar e não dizer
por que meus sentidos me traem?

Sabrina Davanzo


19 de mai. de 2011

Ainda não


Diante da possibilidade de ter, aos 28 anos, uma casa própria, em um lugar previamente estabelecido, me pego pensando: não quero me condenar a viver aqui para sempre. Ainda tenho muito o que andar até encontrar um lugar para morar.

Sabrina Davanzo

Aceita?



A gente pode tomar um café.
Tomar um avião e ir pra Paquetá (nem sei se é brega, mas vá lá...). Vai que dá?

Não se faça de difícil não.
Vem, toma minha mão e me leva pra qualquer lugar.
Eu sei que pode ser irrelevante o que eu sinto nesse momento,
mas é importante (pelo menos para mim) que você saiba que eu não sou sempre assim,
não costumo me oferecer. É que eu to querendo mesmo você.

Diz que sim? Será um prazer.

Sabrina Davanzo

*Inspirado em um Job aqui da agência = )

15 de mai. de 2011

Suspeita


Às vezes, no auge das minhas preocupações e ansiedades, eu gosto de pensar que Deus, sentado em sua cadeira grande e confortável no céu, olha para mim aqui embaixo, sorri e diz baixinho:
- tsc, tsc, tsc. Sua boba, você não sabe de nada.
Tomara mesmo que eu não saiba e que os seus planos sejam maiores do que as minhas perspectivas. Eu não quero entender, só quero confiar que cada coisa acontece no tempo e do jeito certo para que eu possa viver plenamente.


(Amém)

Sabrina Davanzo



À deriva


Tem dias que o barco vira e a gente cai em pleno mar, sem saber nadar.
Os braços tentam se agarrar às ondas, os pés tentam encontrar a terra firme. É pouco fôlego e muita água num lugar que de vazio não tem nada. O mar é cheio, tão cheio que engole a gente com medo e tudo.
O mar revira os cabelos, arranca a roupa com violência. Expõe nossa nudez diante de quem está seguro na areia. E quem é que vem nos salvar? Ninguém se arrisca... o mar é traiçoeiro.
A gente torce por um milagre, torce para sair nadando na marra, fecha os olhos para não enxergar o que existe no fundo e bate os braços. A gente não para de bater. Nunca. Até o fim.


Sabrina Davanzo



13 de mai. de 2011

Estado Sólido



A leveza das borboletas.
A capacidade dos girassóis de se voltarem para a luz.
O bumbum dos vagalumes que ilumina a escuridão.
As abelhas e formigas que se relacionam sem se afetarem.
A cambalhota - mecanismo de defesa - do tatu bola.
Tem vontade de ser qualquer coisa menos humana (limitada) quando se detém nas espertezas do universo.
Tem vontade de ser outra menos preocupada com o que está por dentro e mais conectada com o que há por fora.
Ás vezes, é tanta nunvem que parece que o sol desistiu e foi embora. Quando é assim, ela ouve a musiquinha que fica tocando lá onde está guardado o coração. Um ritmo macio (tum tum - tum tum - tum tum) canta que "se o sol não vier hoje outro dia ele vem.... lalala.. outro dia ele vem. Não fique triste, meu bem."

Sabrina Davanzo

12 de mai. de 2011

Premonição


Pode ser um arrepio, um calafrio percorrendo a espinha. Pode ser uma espécie de sussurro ou o piscar de uma luz na escuridão.
É um estalo no meio da tranquilidade. Discreto. Quase imperceptível.
Tem que estar atento para percebê-lo. Tem que querer entender o que o recado quer dizer. Ele acontece, não é lenda. Quase sempre a gente recebe avisos de quando não é para ser, de quando a gente não deve se meter.
E quem é que quer ouvir? Nessas horas a gente é surdo, cego, insensível.
"Depois não diga que eu não avisei". Mas a gente diz. Diz porque alguém tem que levar a culpa por nossa persistência, mesmo sabendo que não era para agir assim.
Talvez se tivesse sido gritado para mim... Assim discreto, de leve, não acreditei, não aceitei. Fingi que não ouvi as batidas na porta, enquanto no rádio tocava a canção que eu escolhi e que me dizia para ir além.
Mas você veio me avisar...
Ah, premonição! Infelizmente, eu já deveria saber que você custa falhar! Você é certeza de tombo com placa em letras garrafais: cuidado! Piso Escorregadio!

Sabrina Davanzo


3 de mai. de 2011

Verbo

Para ouvir lendo: clock


E se eu viajasse?

E se eu (não) fugisse?
E se eu (não) ficasse?
E se eu dormisse?
E se eu (não) me escondesse?
E se eu não ligasse?
E se eu escolhesse?
E se não?
E se eu (não) falasse?
E se eu corresse?
E se eu (não) aceitasse?
E se?
E se eu me entregasse?
E se eu não engolisse?
E se eu não (me) respeitasse?
E se eu (não) duvidasse?
E se eu amasse?
E se não?
E se eu acreditasse?
E se eu (não) fosse?
E se eu desistisse?
E se?
não
Verbo é ação. Eu sou feita de verbos.
Todo verbo implica a existência de um tempo que define para sempre o que será pretérito (perfeito ou não) e o que será o futuro. O presente é uma decisão.
Embora me custem um pouco de alma para serem conjugados, não fossem eles talvez eu nem vivesse.


Sabrina Davanzo

2 de mai. de 2011

Perdas



Reconhecer a derrota também é uma forma de vencer.
Estou exausta por ter insistido tanto... Perdi.
Entrego os pontos com uma sensação de que foi ridículo ter tentado,

ter usado todas as armas que eu tinha, ter me exposto tanto.
Mas eu nunca saberia...

Você venceu, destino.
Vou me retirar, preciso me preparar para a próxima batalha.



Sabrina Davanzo