25 de nov. de 2015

Navegável




O destino do rio é sempre o mar. Quilômetros adentro, cidades a fora, ele segue o único destino possível para sua existência.
O mar é assustador para um pequeno rio que nasce tímido entre as pedras, protegido dentro de uma mata. 
O mar é imensamente maior que as margens que o cercam e o confortam.
O rio tem de se acostumar com a ideia de que ele vai se tornar algo maior para não se apegar às paisagens que encontra ao longo de seu leito.
É preciso abandonar as pedras imóveis, soltar-se dos galhos e fluir sem medo, seguindo o seu caminho traçado na terra.  
Eu, como os rios, sou feita de mar. Sou imensidão de ondas e ressacas, a mais pura força da natureza. Às vezes, calmaria. Não tenho como fugir, meu único destino possível é e sempre será desaguar. 

Sabrina Davanzo 

13 de mar. de 2015

Já passou...








Um dia você acorda e toda a dor não está mais ali, você seguiu em frente, ainda que esse em frente não seja uma direção muito definida. É um passo e tanto!

Seu coração, no fim das contas, não sucumbiu àquele ferimento que o dilacerou. 
Suas preces foram ouvidas e sua esperança o manteve forte para se levantar, avaliar os danos e recomeçar. 
Existe um vazio persistente, mas a tristeza já não o preenche e a saudade não mais ecoa. 
Você deu conta. Agora tudo faz sentido e o mundo já não parece tão ingrato. 
É como se você tivesse voltado a ser criança aprendendo a andar. No início tropeça, é preferível arrastar, até que chega uma hora que não dá mais: é preciso sair do lugar. 
Ande! Vá em frente! Quando um amor acaba e você é obrigado a ir embora, é porque tem outro te esperando para começar. Deixe-se doer, deixe-se transbordar de tanto chorar. Pode até fazer cena (o amor é brega mesmo) como ligar no meio da noite pedindo para ele voltar. A única coisa que não é permitida é pensar que não vale mais a pena amar. Que essa coisa de ter alguém não é para você. Porque é. Estamos destinados à felicidade compartilhada e não pode haver queda que nos faça desistir de caminhar em sua direção. 


Sabrina Davanzo