15 de mai. de 2011

À deriva


Tem dias que o barco vira e a gente cai em pleno mar, sem saber nadar.
Os braços tentam se agarrar às ondas, os pés tentam encontrar a terra firme. É pouco fôlego e muita água num lugar que de vazio não tem nada. O mar é cheio, tão cheio que engole a gente com medo e tudo.
O mar revira os cabelos, arranca a roupa com violência. Expõe nossa nudez diante de quem está seguro na areia. E quem é que vem nos salvar? Ninguém se arrisca... o mar é traiçoeiro.
A gente torce por um milagre, torce para sair nadando na marra, fecha os olhos para não enxergar o que existe no fundo e bate os braços. A gente não para de bater. Nunca. Até o fim.


Sabrina Davanzo



2 comentários:

Débora Cecília disse...

e bate tanto os braços que a força do mar que antes era certa se transfere pro nosso corpo que desconhecia tamanha capacidade... e assim sendo, a gente sobrevive, e vive...

Anônimo disse...

Batendo os braços, mostramos nossa gana de vida e instinto de sobrevivência. E assim, até mesmo o mar devorador, ajuda, nos empurrando com suas ondas para terra firme.
=]