Dois ou três comprimidos a mais naquela caixa e ela não estaria aqui hoje comemorando seu trigésimo aniversário.
Observando-a daqui, reparo como ela sorri em paz. Será que ela pensa em desistir agora? E quem é louco de interromper a felicidade? A dor sim, queremos conter a todo custo. Seja com comprimidos, bebidas, lençóis, projéteis de chumbo.
Todos os dias alguém, em algum lugar do mundo, contém a sua dor.
Só dois ou três comprimidos a mais, e ela não estaria aqui...
Pergunto-me se à noite, na solidão de sua companhia, ela se arrepende, se dá conta do que teria perdido caso tivesse a quantia exata na cartela para conter a dor.
Formatura, o nascimento da sobrinha, a viagem para a Europa, o encontro com seu grande amor, tudo veio depois... tudo não teria chegado.
Por que nos momentos de desespero não nos damos conta disso? Por que não pensamos: “é só uma fase... vai passar”?
Só dois ou três comprimidos a menos e eis um milagre, segundo os cálculos do médico plantonista. E ela parece tão satisfeita com o rumo que a vida tomou. Ah! Se a gente tivesse mais paciência e menos ansiedade.
Olho para sua mãe. Ela a encara fascinada, apaixonada pelo ser que trouxe ao mundo, que deu a vida que ela teria ceifado não fosse dois ou três comprimidos a menos quando descobriu a gravidez.
Ainda bem que nossas tentativas são passíveis de falhas. Observando este salão cheio de vida, percebo o quando ela é relativa... num momento de desespero, por dois ou três comprimidos a mais ou a menos, podemos pôr tudo a perder ou ganhar uma segunda chance. Só alguns gramas para muda tudo: um destino, uma existência, uma família, a felicidade do outro, a gente.
Sabrina Davanzo
Observando-a daqui, reparo como ela sorri em paz. Será que ela pensa em desistir agora? E quem é louco de interromper a felicidade? A dor sim, queremos conter a todo custo. Seja com comprimidos, bebidas, lençóis, projéteis de chumbo.
Todos os dias alguém, em algum lugar do mundo, contém a sua dor.
Só dois ou três comprimidos a mais, e ela não estaria aqui...
Pergunto-me se à noite, na solidão de sua companhia, ela se arrepende, se dá conta do que teria perdido caso tivesse a quantia exata na cartela para conter a dor.
Formatura, o nascimento da sobrinha, a viagem para a Europa, o encontro com seu grande amor, tudo veio depois... tudo não teria chegado.
Por que nos momentos de desespero não nos damos conta disso? Por que não pensamos: “é só uma fase... vai passar”?
Só dois ou três comprimidos a menos e eis um milagre, segundo os cálculos do médico plantonista. E ela parece tão satisfeita com o rumo que a vida tomou. Ah! Se a gente tivesse mais paciência e menos ansiedade.
Olho para sua mãe. Ela a encara fascinada, apaixonada pelo ser que trouxe ao mundo, que deu a vida que ela teria ceifado não fosse dois ou três comprimidos a menos quando descobriu a gravidez.
Ainda bem que nossas tentativas são passíveis de falhas. Observando este salão cheio de vida, percebo o quando ela é relativa... num momento de desespero, por dois ou três comprimidos a mais ou a menos, podemos pôr tudo a perder ou ganhar uma segunda chance. Só alguns gramas para muda tudo: um destino, uma existência, uma família, a felicidade do outro, a gente.
Sabrina Davanzo
2 comentários:
A vida é uma caixinha de surpresas. Horas sorrimos, horas choramos. Seria bom se conseguíssemos guardar um pouco de felicidade quando ela é demasiada, para aqueles momentos em que achamos que vamos sucumbir.
Ainda bem que em momentos de loucura, nos faltam os comprimidos para a dose fatal.
BjO*
Sabrina,
que relato mais comovente!
Quase uma bula
a ser levada ao bolso
em casos de desespero...
Beijo,
Doce de Lira
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