19 de jan. de 2009

Um rio em mim



Minha alma é feito um rio de águas turvas. Não tenho intimidade com as pedras que lavo. Não sei dizer onde é seguro nadar. Certeza mesmo só tenho de que também para essas duas coisas fui criada.
Não conheço minhas curvas, não sei o que me espera na próxima queda. Sempre me levanto e sigo. Sem saber como.

Não pergunto sobre direção a nenhuma de minhas margens, companheiras silenciosas de
minha correnteza.
Ora estou calma. Ora me revolto contra a natureza.

Solitária, já procurei companhia naqueles que em mim se banham e se encontram felizes.
Como um canto de sereia, faço tudo para cativar, enfeitiçar.
De alguns consigo o corpo, a presença. Mas a alma, não sei.. acho que nunca ousei tocar. À primeira vista, sou fria. Tenho o sol para me aquecer. Conto com a lua para me iluminar.
Quem me observa aprende a confiar.
Sou um caminho, mesmo que sobre as águas não se possa caminhar.
Não paro. Minha essência é uma força sobrenatural.

Já me senti vazia.. mas então vem a chuva me fazer companhia.

Chuva... feita da mesma matéria que eu, imagem e semelhança. Gotas de mim mesma que buscaram seu destino: a elevação.
E sigo. Sem saber como. Um dia (também não sei quando) encontrarei o mar.

Sabrina Davanzo

Um comentário:

Anônimo disse...

"Gotas de mim mesma que buscaram seu destino"
Essa é a definição de chuva que vou adotar pra minha vida!
Textos lindos
Muito orgulho de você prima