E um dia, não se aguentando mais no firmamento, o céu desabou sobre a sua cabeça. A lua caiu desengonçada e acabou comprimindo sua garganta com uma de suas faces pontiaguda. As estrelas, pesadas, batiam no alto de sua cabeça para depois rolarem pelo chão. Contando assim parece divertido, ter o céu aos seus pés, mas na hora foi bem dolorido. Alguma coisa ali soluçava baixinho, era um xororô só.
Depois de algum tempo, o céu decidiu que tinha que voltar para o seu lugar. Juntou as estrelas partidas, a lua pela metade e a escuridão para ir embora, mas antes, deixou sobre seus hematomas algumas nuvens carregadas que mais pareciam algodão encharcado.
Mais tarde, ela viu umas luzinhas apontarem no horizonte. Numa mistura de amarelo com laranja, as luzinhas iam tomando conta de todo o azul escuro quase preto. A lua foi repousar e as estrelas se esconderam, assim como as marcas deixadas pela noite em seu corpo.
Algumas horinhas e tudo mudou... só precisou ter paciência. E algumas nuvenzinhas, claro.
Sabrina Davanzo
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