1 de out. de 2013

passatempo





O tempo sempre chega. Elástico, vai e volta, dando saltos, prendendo-se.
Ora como uma gaivota cruzando os mares, ora como uma tartaruga, o tempo acelera e retrocede dentro da nossa consciência.
A vida passa voando ou é a morte que tem pressa?
O tempo é relativo.
Às vezes, parece que faz séculos quando só alguns anos se passaram. E, de repente, um minuto é uma eternidade.
O tempo pode ser ingrato, ter gosto de remédio. Pode ser amigo, cura, amnésia. Pode fazer bem ou fazer mal.
O tempo é um deus soberano que, do alto do seu templo, nos espia e se compraz quando tentamos controla-lo.
O tempo se materializa nas faces que atravessam os anos.  Eu já o tenho sentido nos fios de cabelo, nos joelhos, na visão.
Eu, que sempre tentei correr contra a sua direção, que achava que tinha todo o tempo do mundo, agora o encaro.
No confronto, percebo que é preciso reestabelecer uma relação. Uma convivência amigável, pois, a partir de agora, ele estará cada vez mais presente. Ouso afirmar que, no final, me restará apenas a sua companhia.
Ao tempo, só tenho um pedido a fazer: tome a firmeza da minha pele, se aposse dos meus cabelos, invada as minhas articulações, mas, por favor, deixe minha alma em paz. 

De quem já não corre e aprendeu a esperar.

Sabrina Davanzo 




16 de jul. de 2013

Como esperar pelo seu grande amor


Mais cedo ou mais tarde, a gente sente vontade de ter alguém “para sempre”, aquela pessoa que será nosso porto seguro para compartilharmos alegrias e tristezas.
Especialmente nós, mulheres, temos o dom de fantasiar (maldita Disney!). Sonhamos ansiosamente com um príncipe encantado, vindo direto da tela da TV. Alguém que, além de companheiro, seja capa de revista, bem sucedido, sedutor e um romântico nato, que escreve bilhetinhos todas as manhãs e compra flores nas datas especiais.


Mas a verdade, meninas, é que o mundo está cheio de príncipes não coroados. Homens de carne, osso e coração prontos para amar e dividirem suas vidas com mocinhas maduras que conseguem enxergá-los.

Então, não adianta se produzir toda para ir à balada, e ficar mal-humorada na fila do caixa. A pessoa que você tanto espera pode estar bem atrás de você.
E, afinal, quem disse que só é permitido se apaixonar em uma sexta à noite? O que há de errado com os outros dias da semana?


Ainda bem que, como disse Paulo Mendes em um lindo texto, o amor acaba em qualquer lugar, para começar de novo a qualquer momento.
Portanto, baixe a guarda de vez em quando, saia do plantão de caça aos estereótipos e dê uma chance às pessoas reais. A atração precisa de espaço para nascer.
De todo modo, enquanto não chega a sua vez, mantenha-se disposta, aberta às situações que vêm de graça, como um descuido do destino.


Aquela velha frase que sempre ouvimos “quando você menos esperar acontece” é verdadeira. Para esperar por alguém o melhor a fazer é se distrair, cuidar-se, se tornar a pessoa especial que você gostaria de encontrar.

Aí, de repente, numa terça-feira despretensiosa, aquele cara aparece na sua frente. Com sorte, pode até estar tocando Something, dos Beatles, ao fundo.
Foi assim comigo, e no dia 11 de junho fez um ano.


Sabrina Davanzo

Crônica publicada na edição deste mês da revista Minas em Cena.



  

28 de jun. de 2013

Prece



Hoje eu quero agradecer tudo de bom que tem acontecido na minha vida.
Nem sei se sou merecedora de tantos privilégios, tento em vista tantas pessoas mais necessitadas ao meu redor.
Que eu não me esqueça jamais de agradecer o alimento, a vestimenta, o trabalho, o companheiro, o lar,  a família, os amigos que o Senhor me concede, diariamente, ainda que eu seja tão passível de falhas.
Que a humildade de reconhecer o quando devo ser grata todos os dias não se afaste de mim. E nas horas escuras, aquelas que certamente virão para testar-me, que o Senhor esteja comigo, inspirando-me paciência e resignação para que no mais íntimo do meu coração eu tenha forças e atravesse as adversidades sem culpar-te ou desistir da tua companhia.
Amém.
Sabrina Davanzo

7 de fev. de 2013

Papo de mulherzinha: cabelo, maturidade, padrões da sociedade


Os meninos leitores do blog que me desculpem, mas hoje o texto é para as meninas. Tenho certeza que elas vão me entender.
Por muito tempo tive “problemas” com meu cabelo. Ele não é completamente liso, mas também não é cacheado (o que eu acho lindo!). Ele tem ondas. Gigantes. Verdadeiros tsunamis que assumem forma própria e diferente a cada dia ou a cada vez que tento fazer alguma coisa nele.
Quando eu era mais nova, sem o recurso da prancha, a solução era prender. Morria de vergonha de soltar aqueles poucos fios que não assentavam. A gominha era minha melhor amiga.

Na adolescência, as pranchas invadiram as lojas e salvaram a minha autoestima nesse momento da vida em que ela é fundamental, pois molda a nossa confiança em nós mesmos para sempre (esta é uma teoria minha, assunto para outro texto). A prancha se tornou minha companheira fiel antes das baladas e no colégio, de segunda a sexta.
Na faculdade, ela também foi minha aliada porque, óbvio, eu queria chamar a atenção dos garotos que, como a TV, o mundo fashion, a indústria de cosméticos e sei lá mais quem, acham normal e lindo ter – exclusivamente – o cabelo longo e liso. Fiz lá o meu sucessinho, me mantive no padrão.

Quando cheguei à idade adulta entrei de vez na onda do último grito para alisar cabelos. Nada de esconder da chuva, desviar das goteiras, arrumar três horas antes de sair de casa. Definitivamente, era o tempo da progressiva. Fátima Bernardes deu o pontapé inicial por aqui nessa revolução capilar e eu fui atrás.

Nada como ter um cabelo liso sempre né? Dormir e acordar como as atrizes de cinema.
Se a moda era ter o cabelo emplastrado de formol e, claro, extremamente liso, achei que era hora de arriscar um corte mais moderninho. Cortei ele bem curtinho e... uau! Ele continuava bem alinhado... um sucesso!
Eu estava muito feliz com meu novo corte e meus fios devidamente no lugar quando começaram a sair notícias sobre os malefícios e picaretagens que envolviam os produtos utilizados na escova progressiva, além do preço que já começava a pesar no bolso.

Desafiando a minha autoestima satisfeita, desafiando todo um conceito que eu tinha sobre como deveria ser a minha imagem, decidi abolir o produto da minha vida. Cortei o cabelo ainda mais curto e assumi, definitivamente, a cabeleira. Fiquei com aquele ar de acabei de acordar/me desculpe saí de um furacão. E quer saber? Me senti muito melhor.
Parecia que há anos eu esperava por essa libertação. Meu cabelo sempre foi desgrenhado e eu nunca quis aceitar isso.
Hoje, nem sempre estou satisfeita com os fios, mas paciência. Nem nosso humor é mesmo todos os dias. E isso também é muito legal: um dia você acorda, ou lava o cabelo, ele seca e voilá! Ele está bonito, diferente. Você nunca sabe o que vai ser.
Conseguir manter meu cabelo natural me fez suspeitar que eu estava mesmo crescendo. Fiquei mais confiante. Comecei a pensar que se alguém me quisesse, teria que aceitar meu cabelo rebelde.
E acreditem, meninas, foi bem nessa época que meu namorado apareceu lindo e apaixonado. E tem mais: uma das primeiras coisas que ele notou/comentou foi o bendito do cabelo.

A certeza de que junto com o cabelo natural veio a maturidade eu tive essa semana depois de comprar um xampu de uma marca nova.
Depois de alguns dias, notei que minhas ondas irregulares estavam desaparecendo, dando lugar a um liso meio sem sal (como o xampu).
Corri na farmácia e comprei outro. Para cabelos ondulados. Que mantém as ondas perfeitas por até 24 horas. Amém.
Voltei a ter personalidade. A minha personalidade: desgrenhada, descabelada, acordei e vim. Esta sou eu. E ele me ama assim.

Eu tenho plena consciência de que não sou uma Grazi Massafera, por isso meu cabelo não precisa ser igual ao dela no comercial de tal xampu. A gente se assumir do jeito que é, se aceitar, gostar do que vemos diante do espelho é de uma leveza que produto nenhum conseguiu ainda trazer à pele, aos cabelos, à vida. Experimentem e depois me contem.

Ps: meninos, se vocês foram curiosos e leram até aqui, lembrem-se de valorizar a pessoa que está com vocês  pelas suas características únicas, que faz com que cada um seja exatamente e exclusivamente como é.

Sabrina Davanzo

Imagem: El Blog de Alicia

24 de jan. de 2013

Estranho

 Hoje meu coração amanheceu apertado.
Cheio de incertezas, como se navegasse à deriva.
Sem rumo, sem casa,
 carente não sei do que.
Hoje o meu coração acordou doído,
sofrido
 sem nenhuma explicação.
Eu tenho medo desses repentes.
Inconstâncias que fragilizam esse órgão já tão delicado
e alteram o ritmo da vida.
Quando fica assim,
coração parece querer dizer alguma coisa.
 "Tome cuidado", "afaste-se!", "Não faça isso, não vá por aí!"...
Como vou saber?
 Coração não sabe falar, só sabe sentir.
Sem entender,
fico aqui com esse aperto que dói sem doer.
Seria tão mais simples se o problema se limitasse a interpretação...
Coração, por favor, seja claro!
 O que você tem para me dizer?

Sabrina Davanzo

7 de jan. de 2013

Conselho para ser feliz no ano novo



Procure ser feliz por você mesmo, sem esperar por nada nem ninguém. Não deposite sua felicidade em alguém que pode partir a qualquer momento ou nem mesmo chegar. Já imaginou a responsabilidade que você transfere para as pessoas quando espera que elas alegrem os seus dias?
Não paute sua felicidade no aumento que você ainda não teve, nas roupas que você ainda vai comprar ou nas viagens que pretende fazer. Os momentos que você ainda não viveu não lhe pertencem.  Aprenda a contentar-se com o que você tem nas mãos hoje.
Trace metas e objetivos e cumpra-os. Quer emagrecer? Pare de adiar a dieta. Quer ajudar os outros? Não espere ganhar na mega sena para só então fazer caridade. Quer conhecer pessoas interessantes? Saia de casa e vá a lugares legais.  Quer ler mais? Tire os livros da estante e começo-os logo.
Ser feliz aqui e agora depende unicamente de você.  Só você pode, ao levantar, escolher as lentes que vai usar para encarar a rotina. Optar pelas cores, evitar os tons escuros, focar menos nos problemas, ampliar a visão para além, onde se encontram as soluções, pensar e agir positivamente. Exercícios simples, que não custam nada e fazem um bem danado. É pela sua própria leveza. É pela sua saúde mental, física e emocional.
Experimente. Faça um ano realmente novo dentro de você.
Sabrina Davanzo

2 de jan. de 2013

Recomeço



Em 2012, escrevi muito pouco. Não que tenha me faltado inspiração. Graças a Deus, vivi experiências de sobra que renderiam bons textos ou, pelo menos, bons temas. Mas parece que me sentia melhor guardando estas memórias numa espécie de caixa para poder revisitá-las sempre que quisesse sem que ninguém soubesse.
Eu sei... Soa meio egoísta, mas quem não o é, quando se trata das próprias emoções? Sem me dar conta, criei um retiro sentimental e agora acho que é hora de voltar a me abrir. Quero me expor de novo, questionar a vida, exaltar suas particularidades.
Como passei tanto tempo longe, estou insegura. Será que vou parecer repetitiva? Desinteressante? Preciso aprender a deixar fluir de novo, sem medo. Deixar a correnteza arrastar as palavras.
Uma coisa eu posso garantir: eu aprendi a falar de amor. Talvez eu conte sobre isso durante este ano todo... Talvez eu já nem tenha mais outro assunto.
Peço que tenham paciência comigo. Vou abrir a caixa e, aos poucos, revelar o que guardei com tanto cuidado.
É hora de me desvendar. Com licença, vou me re-apresentar.

Sabrina Davanzo 


Declaração


Eu poderia ter a sensibilidade da Marisa, a doçura da Mallu e a sensualidade da Roberta para cantar, no pé do seu ouvido, o que eu sinto por você.
Eu poderia ter a coragem de me arriscar, de largar tudo e enfrentar o desconhecido, igual ao personagem do filme que você mais gosta.
Eu poderia ter a genialidade dos profissionais que você tanto admira.
Eu poderia ter a beleza "sem-sal" da Maria Flor, sua atriz preferida, e quem sabe até um nome mais cool como o dela.
Poderia viajar com você por aí, por esses lugares que a gente só conhece pelo Instagram.
Eu poderia ser mais blasé como a Summer ou mais cult como o Tom, personagens do seu segundo filme preferido.
Poderia ser mais sexy como as mulheres que você vê na TV nas tardes de domingo ou ainda ser criatiavamente engraçada como os humoristas que você curte. 
Poderia escrever como o Marcelo Camelo, com palavras difíceis, frases desconexas que no fim fazem sentido para traduzir nossa relação.  
Eu poderia ser uma infinidade de combinações de personalidades que te agradam, mas eu sou exatamente do meu jeito e mesmo com todas estas ausências você me quer.
Você não exige de mim o que não posso ser, não quer me igualar ao seu mundo, apenas o compartilha comigo.
E eu aprendo sobre você. E eu o amo e admiro um pouco mais a cada nova lição.


Sabrina Davanzo 





21 de dez. de 2012

2013





Ano que vem...
A frase preferida para esta época onde o ano atual,
os últimos dias,
já não servem para mais nada.
A gente fica ansioso para o tempo passar
e os próximos 365 dias chegarem logo.
Não faltam planos, vontades, resoluções
para este começo totalmente novo
que o 1º de janeiro traz.
Da minha parte,
não me importo de começar o ano novo com tudo igual.
Como eu tenho andando modesta,
vou pedir que tudo permaneça.
Que eu continue amando e sendo amada com leveza.
Que eu continue confortável com minha profissão.
Que eu continue aproveitando a companhia de amigos e familiares queridos.
Que eu continue com saúde, alegria e paz.
Este foi um ano de colheita,
depois de um plantio realizado com muito esforço, dificuldades e solidão.
Hoje vivo num tempo de crescimento sem dor e com mais consciência.
Só tenho a agradecer
e pedir que tudo isso não mude.
Feliz tudo de novo!


Sabrina Davanzo



5 de dez. de 2012

é assim...


Eu já não tenho mais sonhos de menina, ilusões de mulherzinha; não me imagino uma princesa no castelo, nem espero que encontrem meu sapatinho na escada e me salvem de uma vida entediada.
O que me resta, meu Deus, não é nada além dessa dura realidade de que as coisas são o que são. Que as pessoas não mudam porque a gente quer, que o sol não vai aparecer só porque marquei de ir ao clube no domingo.
Eu já parei de passar produtos milagrosos nos cabelos para mantê-los esticados, já parei de esconder a idade; não me engano mais com a ideia da eterna juventude. Então é isso, Deus? A vida é uma eterna aceitação. Desde a perda da nossa boneca preferida até o fato dos cabelos ficarem brancos. E ai da gente espernear. Revoltar, então? Pode não. Adianta nada!
Só para você saber o quanto eu me esforço, eu já deixei de lado também aquela mania de querer o que eu, por puro gosto seu, não posso ter. Mas fico me perguntando: abrindo mão tanto assim... o que vai restar do que eu quero para mim? 

Sabrina Davanzo

25 de nov. de 2012

Lembranças




Acho que os sentimentos poderiam ser representados como pequenos souvenirs. 
Sabe quando a gente viaja para um lugar lindo e quer voltar com uma lembrança? Então, toda vez que a gente olha pra ela, voltam sensações, cheiros, sabores, saudades. 
Às vezes, deixamos esses pedacinhos de vida expostos na prateleira, perto de um livro, uma foto. Ali, eles estão sempre próximos, fazendo parte do dia a dia. Mas às vezes precisamos guardá-los na gaveta, no fundo do armário, no baú de emoções. Assim, não temos contato, não lembramos sempre, mas está lá, mesmo que com alguma poeira. 
E só de mexer nesses souvenirs (sim, porque às vezes é preciso), tudo volta à tona outra vez. E muitas vezes a poeira salta aos olhos, que ensaiam derramar lágrimas. Mas é assim. Acho que dentro da gente tem muita gaveta, prateleira, baús, caixas trancadas. E nem sempre o mais visível para os outros é o mais sentido por nós.  


Texto afanado de uma das prateleiras da minha amiga Laura Camarano 

12 de nov. de 2012

Pronta




Então aceitou a felicidade como ela é: imperfeita. 
Passou a aproveitar o que a vida lhe oferecia de bom
sem esperar que fosse para sempre. 
Certa de que algumas vezes as coisas se atrapalham
e as pessoas decepcionam, 
aprendeu a ter fé e paciência para esperar passar.  
Demorou algum tempo para crescer por dentro,
mas agora que aconteceu é um alívio. 
É uma trégua nessa guerra que no final é uma busca pela paz. 
Se isto é envelhecer, ela já está pronta. 
A menina, finalmente, tornou-se mulher. 

Sabrina Davanzo



8 de out. de 2012

s.o.s




Atirem-me ao mar! 
Ando tão cansada dessa segurança do convés, 
ela não me convém nenhum pouco. 
Quero agora experimentar as ondas, a temperatura da água, 
quero encarar o desconhecido. 
Atirem-me ao mar de possibilidades! 
Só não me deixem aqui, 
presa a esta tábua de salvação que nada oferece de arriscado. 
Atirem-me sem dó nem piedade 
que eu reúno forças e me viro, 
eu nado e nada poderá me deter, 
porque é no perigo e na aflição que a gente descobre 
a força e a vontade que tem de sobreviver. 

Sabrina Davanzo 


24 de set. de 2012

Já curtiu?



Você já conhece a página do Inverso Meu no Facebook? 
Está linda, cheia de imagens e textos inspiradores para você curtir e compartilhar. 

Essa foi a postagem de hoje: "Também sou pequena demais..." 

Assine a página e acompanhe o Inverso Meu no facebook também. 


Beijos 

Sabrina Davanzo 











10 de set. de 2012



Vontade de voltar, 
de ir, 
de não ficar aqui 
e talvez nem lá. 
Vontade de sair 
desse mesmo lugar, 
custe 
que 
custar. 
Desejo incontrolável 
de seguir 
sem saber a direção, 
a localização 
ou o idioma que se fala 
onde eu, 
enfim, 
parar. 
Quero andar até cansar, 
depois correr 
até  (me) perder 
as forças, 
a memória. 
Quero chegar no desconhecido, 
um lugar 
que nem sei onde fica 
e que 
talvez 
seja aqui dentro mesmo. 
Eu só preciso 
ter coragem de 
p a r t i r...

Sabrina Davanzo 

27 de ago. de 2012

...




Mas aconteça o que acontecer, 
a gente tem que ter fé na vida, 
na gente, 
na nossa capacidade de superar e renovar. 
No mais, é seguir em frente. 
Porque a gente nasceu para ser nômade. 
Não pode ficar muito tempo 
parado no mesmo lugar. 


Sabrina Davanzo 

Pelos meus cálculos




Nós dois: 
Eu e você. 
Se você vai: 
Dois menos um. 
São três: 
Eu, você e a saudade. 


Sabrina Davanzo 




"...posto que é chama..."




Não sei por quê. 
Não sei até quando. 
Nem até onde. 
Só sei que é agora. 
Que hoje é tudo. 
Que esta é a nossa hora.

Sabrina Davanzo 




12 de ago. de 2012

Abrigo





O amor é feito casinha de joão-de-barro: 
é construído devagar, no dia a dia. 
Sua matéria-prima é simples, 
mas aquece, acolhe. 
E a gente mora ali cheio de fé, 
confiantes de que estamos protegidos 
das nossas próprias tempestades 
e do vento frio da solidão. 

Sabrina Davanzo 



24 de jul. de 2012

Aos meus amigos




Cada pessoa que passa por nós representa um passo na nossa evolução. Cada uma, com seu jeito particular, traz uma lição que a gente deve gravar. 
Na presença e na ausência (ainda mais) sempre há o que aprender com elas. Com Marias e Joãos a gente aprende a ser leve, ser livre, ser cult, nerd, romântico. Aprende a falar palavrão, algumas palavras em alemão, aprende a beber e gostar de comer coisas que gente nem conhecia. 
Passamos de um amigo ao outro descobrindo como ser nós mesmos. A gente se encontra na parte de cada um que nos toca e nos apossamos dessa metade que nos completa. 
Não importa quanto tempo duram estas aulas: uma vida toda, a infância, o início da adolescência, o horário de trabalho, estamos sempre aprendendo mesmo que, invariavelmente, algumas pessoas tenham que se ausentar (talvez para sempre), pois a vida é seletiva: para preenchê-la é preciso esvaziar-se. 
Eu perdi muitos amigos ao longo do caminho, ganhei outros tantos, mas jamais me esqueci por completo de qualquer um deles. Mesmo que seja apenas pelo som de uma risada já distante, por uma cicatriz no joelho ou ainda pela cumplicidade há muito compartilhada, trago em mim a marca indelével de quem me ajudou a ser quem eu sou.  

Sabrina Davanzo