O tempo sempre chega. Elástico, vai e volta, dando saltos, prendendo-se.
Ora como uma gaivota cruzando os mares, ora como uma tartaruga, o tempo acelera e retrocede dentro da nossa consciência.
A vida passa voando ou é a morte que tem pressa?
O tempo é relativo.
Às vezes, parece que faz séculos quando só alguns anos se passaram. E, de repente, um minuto é uma eternidade.
O tempo pode ser ingrato, ter gosto de remédio. Pode ser amigo, cura, amnésia. Pode fazer bem ou fazer mal.
O tempo é um deus soberano que, do alto do seu templo, nos espia e se compraz quando tentamos controla-lo.
O tempo se materializa nas faces que atravessam os anos. Eu já o tenho sentido nos fios de cabelo, nos joelhos, na visão.
Eu, que sempre tentei correr contra a sua direção, que achava que tinha todo o tempo do mundo, agora o encaro.
No confronto, percebo que é preciso reestabelecer uma relação. Uma convivência amigável, pois, a partir de agora, ele estará cada vez mais presente. Ouso afirmar que, no final, me restará apenas a sua companhia.
Ao tempo, só tenho um pedido a fazer: tome a firmeza da minha pele, se aposse dos meus cabelos, invada as minhas articulações, mas, por favor, deixe minha alma em paz.
De quem já não corre e aprendeu a esperar.
Sabrina Davanzo
3 comentários:
Muito bem!
Deu charme à teoria do Einstein! Parabéns!
Ótimo! Muito bom o texto e boas as ideias. Apesar da pouca idade (hehe), também já sinto alguns sintomas do tempo.
Só não gostei da palavra "compraz", porque não sei o que significa. O tempo ainda não me revelou essa questão. ;)
Uau, arrasou mais uma vez, Sabrina! Temos tanto tempo e ao mesmo tempo não temos tempo algum para nós!
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