25 de nov. de 2008

Fantasia

Durante o dia, Lena se veste do que ela gostaria de ser. Usa seu melhor sorriso no rosto. Enfeita-se com palavras doces. Enquanto trabalha, encontra conhecidos na rua, almoça no restaurante movimentado, age como se estivesse pronta. Mas, quando o sol cumpre sua obrigação, Lena se sente satisfeita e pára de representar. Deixa de ser o que o mundo a tornou.
Em casa, o sorriso mantido a todo custo se desfaz e dá lugar a uma aparência sem retoques, uma boca linear. Sente-se confiante para se livrar das palavras e gestos afetuosos. Lena se entrega a seus pensamentos e gestos calculados.
Ela não é má ou dissimulada. Apenas não quer que as pessoas saibam que ela não sabe lidar com sua história, com o que a vida lhe reservou.
Ao brilho pálido da lua, na solidão de sua própria companhia, Lena é somente o que conhece de si mesma. E conhece tão pouco.
Não faz idéia do que é capaz de enfrentar por amor. Não sabe o que é capaz de fazer para defender um amigo. Não consegue deixar a emoção leva-la sem se questionar se está certa ou se arriscando demais.
Mas o sol, ainda que entre as nuvens, nunca deixa de aparecer. E aos seus primeiros raios, Lena se enche de coragem de novo. É Hora de brincar de viver.

Sabrina Davanzo


3 comentários:

Tunai Giorge disse...

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Teu blog é tão suave. Os textos, as imagens... É como flutuar nas palavras e mergulhar nas cores das figuas.
Muito bom!

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Anônimo disse...

Que sensibilidade, moça! Vou muito voltar aqui.

Sabrina Davanzo disse...

Obrigada, Denis!
Volte sim.. ficarei feliz! :)