3 de nov. de 2008

Ansiedade

Se ela sofria de ansiedade nunca soube. O fato é que sentia “um não sei o que” que nada resolvia. Dormir, não conseguia. Ler, não concentrava. Sair, só piorava.
Tinha as mãos suadas e o fôlego apertado na garganta. Sensação de palpitação. Doía a cabeça, tremia os nervos, amargava a saliva. Tudo por querer saber como as coisas aconteceriam. Tinha pressa. Era vital saber antecipadamente. Tentava desviar o pensamento, assistir à novela, falar de amenidades, mas o olhar era sempre estatelado como se a qualquer instante fosse vislumbrar uma faísca do futuro. De tanto querer saber, tornou-se repetitiva. O tempo todo comentava, sem medir o tom de voz: “ai! Não vejo a hora!” , “ai! Como vai ser?!” Não conseguia mais comer. Alguma coisa revirava suas víceras, nauseava constantemente. Não tinha a menor consideração com qualquer outra coisa: família, amigos, muito menos para a vida. Na verdade, nem viu seus dias passarem. O Espírito inquieto parecia não caber mais dentro do corpo de tanta impaciência. Morreu de infarto. O Coração fraco não agüentou a pressão. No laudo médico, a causa para a falha do órgão foi registrada. Está lá: morreu por não saber esperar.

Sabrina Davanzo


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