9 de ago. de 2009

Sobre sonhar acordada




Ainda que lhe doa os músculos da face ela fecha os olhos com força e não para de sonhar. Não para. Já lhe avisaram mil vezes que existe vida através do espelho mas ela não quer acordar. É bom o que sente quando viaja dentro de si.
Para encarar a realidade conta até três. As pombinhas conhecem seu segredo porque quando ela se veste de adulta e sai para trabalhar, são elas quem lhe sorri. Ela acredita que há algo de mágico nos seres de asas. Ah, como gostaria de tê-las. Voaria para bem longe dos sonhos que já não podem mais serem sonhados. Sim, porque há restrições. Quando não há esperança, o sonho se torna ilusão e esta não é nada boa. É mentira vestida de palavra bonita.
Hoje, no sonho, nasceu uma florzinha frágil e ela pode com um anjo brincar. Ela quis ficar lá contemplando a flor, mas lhe avisaram que precisava voltar e encarar prédios encardidos. Para aliviar, buscava sobre eles o azul do céu e o calor do sol. Sim hoje fez bastante calor... Ainda bem, porque pelo avesso ela era só frio. Ficou de meia o dia todo.

Sabrina Davanzo